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Poema de Cruz e Souza



Da doçura da noite, da doçura
De um tenro coração que vem sorrindo,
Seus segredos recônditos abrindo,
Pela primeira vez, à luz mais pura.

Da doçura celeste, da ternura
De um bem consolador que vai fugindo
Pelos extremos do horizonte infindo,
Deixando-nos somente a desventura.

Da doçura inocente, imaculada,
De uma carícia virginal da infância
Nessa de rosas fresca madrugada.

Era assim tua cândida fragrância,
Arcanjo ideal de auréola delicada,
Visão consoladora da distância...



Fonte: "Faróis", Laemmert & Cia Livraria, 1900.
Originalmente publicado em: "Faróis", Laemmert & Cia Livraria, 1900.