Três amores
Poema de Henriqueta Lisboa
Amor primeiro. Amor? Sonho, reflexo, imagem...
Gôndola de ouro à flor de um verde lago
engastado no coração da primavera.
Névoa do alvorecer, perspectiva de viagem
para um lindo país todo azul, todo vago,
onde a felicidade nos espera...
Segundo amor. Talvez o único amor na vida.
Frêmito estranho de harpa em concertos soturnos.
Onde a terra do Sol? Tudo são labirintos.
A alma é uma rocha solitária, erguida
em meio às ondas tempestuosas e os noturnos
ventos que uivam no caos como lobos famintos.
Terceiro amor. A paz, a ternura, o impreciso
desprendimento. A escolha mais que suave...
Parques de outono trescalando ao luar.
A lágrima do céu entristece o sorriso.
Carícia leve como voo de ave,
pobre ventura ideal de saber renunciar.
Fonte: "Obra completa", Editora Peirópolis, 2020.
Originalmente publicado em: "Velário", Editora Belo Horizote, 1936.
pobre ventura ideal de saber renunciar.
Fonte: "Obra completa", Editora Peirópolis, 2020.
Originalmente publicado em: "Velário", Editora Belo Horizote, 1936.