Vem, ó noite
Poema de Souza-Andrade
Vem, ó noite esperançosa,
Sobre a montanha descer,
Nas asas sombrias, longas,
Tantos crimes esconder.
Lá fuma a linda cabana
Onde irei morrer de amores,
Vem, ó noite, me arrebata
Para a filha dos pastores.
Com teus mádidos alentos
Varrendo a flor e os perfumes,
Amorna o fogo embalado
Pelo aquilão dos ciúmes.
Fujo a Deus, que me condena,
Foge a filha ao velho par -
Para amor! oh vem, ó noite,
Tantos crimes ocultar.
Fonte: "Harpas Selvagens", Tipografia Universal de Laemmert, 1857.
Originalmente publicado em: "Harpas Selvagens", Tipografia Universal de Laemmert, 1857.