Seus olhos
Poema de Carmen Freire
Quem viu jamais a luz do sol desponte
Em límpida manhã de claro dia,
Branda luz que não dói, mas que alumia
O inseto, a flor e as pérolas da fonte;
Que nos visos da serra do horizonte
Acende um sol em cada penedia,
E enche o bosque de luz e de alegria
Aos hinos festivais do mar defronte;
E seus olhos que a terra e o céu retratam
Num meigo olhar de plácida doçura...
- Olhos que nos dão vida ou que nos matam...
Má ideia terá!... Fora loucura
Tentar fugir se os raios seus desatam
Aqueles olhos de pupila escura.
Fonte: "Visões e Sombras", Casa Mont'alverne, 1897.
Originalmente publicado em: "Visões e Sombras", Casa Mont'alverne, 1897.