Resposta a Artur Azevedo
Poema de Carmen Freire
Toda me indagas - todo te pesquiso,
Desde os pés ao negror do teu cabelo,
Enquanto vês em mim frio modelo,
Eu por fora e por dentro te analiso.
Buscas o inferno em mim - e eu quero vê-lo
Dentro em teu coração... porém diviso
Apenas o fulgor do paraíso
Que, como eu, tu não sabes escondê-lo.
Quando me falas - eu te contradigo;
Firmo no rosto indecifráveis traços...
Se me persegues, eu te não persigo,
Queres meus braços nédios e morenos...
Fogem meus nédios e morenos braços...
Mais te conheço - e me conheces menos.
Fonte: "Visões e Sombras", Casa Mont'alverne, 1897.
Originalmente publicado em: "Visões e Sombras", Casa Mont'alverne, 1897.