Preterido
Poema de Zalina Rolim
Vi-a envolvida em longo véu flutuante
Aos pés do altar se ajoelhar sorrindo;
Pairava-lhe o fulgor de um gozo infindo
Na lirial brancura do semblante.
E no meu peito o espinho excruciante
De mágoa atroz e imensa dor sentindo,
Vi-a - sim - murmurar, bela e triunfante,
Os coralinos lábios entre-abrindo...
Passou-se o tempo... E a placidez e a calma,
Murcha a esperança, a aspiração perdida,
Vieram de novo acariciar minha alma.
Mas como densa névoa, eternamente.
Velou-me o riso e a luz da minha vida
Aquele véu nevado e transparente...
Fonte: "O Coração", Tipografia Hennies & Winiger, 1893.
Originalmente publicado em: "O Coração", Tipografia Hennies & Winiger, 1893.