Minh'alma aqui
Poema de Souza-Andrade
Eis o céu todo estrelado,
Eis as campinas do prado,
Eis o monte cultivado
Que tantos anos não vi!
Andei por terras estranhas,
Entre amor, bélicas sanhas,
Grandezas eu vi tamanhas!
E sempre minh'alma aqui!
Pela cândida capela
Do vale, sonora e bela,
Onde o pastor, a donzela
Salvas cantam do Senhor;
Pela campestre harmonia,
Por esta vaga poesia,
Pela inata simpatia
Da natureza do amor;
Do vale, sonora e bela,
Onde o pastor, a donzela
Salvas cantam do Senhor;
Pela campestre harmonia,
Por esta vaga poesia,
Pela inata simpatia
Da natureza do amor;
Por este bosque de flores
Entreluzindo em verdores,
No país dos arredores
Ondeando o plano e o monte;
Por minha terra palmosa
À tarde, enferma e saudosa,
Quando manada formosa
Varia as margens da fonte;
Entreluzindo em verdores,
No país dos arredores
Ondeando o plano e o monte;
Por minha terra palmosa
À tarde, enferma e saudosa,
Quando manada formosa
Varia as margens da fonte;
Pela rústica choupana
Do lavrador, da silvana,
Da coberta americana
Erguendo espiral o fumo
Qual no horizonte do mar
Branca vela a balançar,
À luz d'aurora a cortar
Sereno, transverso rumo:
Do lavrador, da silvana,
Da coberta americana
Erguendo espiral o fumo
Qual no horizonte do mar
Branca vela a balançar,
À luz d'aurora a cortar
Sereno, transverso rumo:
Esqueço o mármore lavrado,
Nas cidades levantado,
Como figuras do fado
Por nuvens metendo a coma;
Esqueço o céu sobre a terra;
Dourado gelo na serra,
As torres que desenterra
Sagrada, ruinosa Roma!
Fonte: "Harpas Selvagens", Tipografia Universal de Laemmert, 1857.
Originalmente publicado em: "Harpas Selvagens", Tipografia Universal de Laemmert, 1857.
Nas cidades levantado,
Como figuras do fado
Por nuvens metendo a coma;
Esqueço o céu sobre a terra;
Dourado gelo na serra,
As torres que desenterra
Sagrada, ruinosa Roma!
Fonte: "Harpas Selvagens", Tipografia Universal de Laemmert, 1857.
Originalmente publicado em: "Harpas Selvagens", Tipografia Universal de Laemmert, 1857.