Interior
Poema de Mario Quintana
As persianas, entrefechadas, deixam passar uma réstia de sol, onde zumbe uma mosca. Silêncio. Somente, na última prateleira, há um velho boião que diz: "Viva Dom Pedro Segundo!" - única nota exclamativa neste silêncio tecido (e não interrompido) pelo zunzum da mosca em seu vaivém. Tudo é definitivo, tudo é tão agora que até o relógio, o velho bruxo, está parado.
Fonte: "Poesia Completa", Editora Nova Aguilar, 2006.
Originalmente publicado em: "Caderno H", 1973.