A fala de Aninha - várias
Poema de Cora Coralina
A dureza da vida não são carências
nem pobreza.
Sofrem aqueles que desconhecem a luta
e menosprezam o lutador.
Tanto tempo perdido
sem semear e sem plantar.
No fim a tulha vazia.
Vazio o coração que não soube dar.
Ele era velho e era um mestre.
Eu era jovem e era discípula.
Ele mestreou e ela aprendeu.
E dessa escola ninguém ouviu falar.
Ele se foi sem saber que era um mestre.
Ela ficou, sem saber que foi discípula.
Só muito depois compreendeu.
E já era tarde.
Minha mocidade, perdida no passado...
Tantos mestres à minha volta...
Tantos serões inaproveitados...
E eu? Sem saber de nada.
Ninguém me esclareceu:
Ouve e aprende.
É a vida que está ensinando.
Quando veio o entendimento,
os túmulos estavam calados.
Fonte: "Vintém de cobre", Global Editora, 2012.
Originalmente publicado em: "Vintém de cobre: meias confissões de Aninha", Editora da UFG, 1983.
Fonte: "Vintém de cobre", Global Editora, 2012.
Originalmente publicado em: "Vintém de cobre: meias confissões de Aninha", Editora da UFG, 1983.