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Poema de Cláudio Manuel da Costa
As moles asas a bater começa
Entre as palhas o tenro passarinho.
E largos dias, por deixar o ninho,
Se cansa, se fadiga, se arremessa.
Um impulso, outro impulso, em vão se apressa,
Já se firma no pé, já no biquinho,
Nas folhas se detém, passa ao raminho,
Até que a pena se esforce e se endureça.
Quando enfim é capaz de movimento,
Deixa os arbustos, vaga pelos ares,
E sobre as altas faias toma assento.
Estes sejam, Salicio, os exemplares
Em que a vossa virtude anime o alento
Porque um dia da Fama honre os altares.
Fonte: "Obras poéticas", H. Garnier, 1903.
Originalmente publicado em: "Obras", 1768.