O baile (trecho)
Poema de Joaquim Norberto de Sousa Silva
V
Aqui retine o ouro,
Aqui perde em recreio,
Em jogo, em vil desdouro
O bárbaro senhor;
- O ouro, que ganhado
Por mísero cativo
Ah verterá quebrado
Seu sangue e seu suor.
Amanhã, recostado
No seu divã macio,
De damasco bordado,
A sesta passará;
E à voz que lhe suplique,
Chorada, escassa esmola,
Talvez que irado fique
Que o sono turbará!
Mas na adversidade
Será inda arrogante;
Sem ter pia humildade
Para ir-se a mendigar;
Há de ao pobre tesouro
Do triste que trabalha
Roubar-lhe todo o ouro
E a vida lhe roubar.
Ditoso o que, inocente,
Isento está do vicio
Que tão suavemente
O bom conduz ao mal;
O vil, o ambicioso
Arrisca-se no jogo
E todo ambicioso
Arma-se do punhal.
Fonte: "O livro de meus amores", B. L. Garnier, 1848.
Originalmente publicado em: "O livro de meus amores", B. L. Garnier, 1848.
Aqui perde em recreio,
Em jogo, em vil desdouro
O bárbaro senhor;
- O ouro, que ganhado
Por mísero cativo
Ah verterá quebrado
Seu sangue e seu suor.
Amanhã, recostado
No seu divã macio,
De damasco bordado,
A sesta passará;
E à voz que lhe suplique,
Chorada, escassa esmola,
Talvez que irado fique
Que o sono turbará!
Mas na adversidade
Será inda arrogante;
Sem ter pia humildade
Para ir-se a mendigar;
Há de ao pobre tesouro
Do triste que trabalha
Roubar-lhe todo o ouro
E a vida lhe roubar.
Ditoso o que, inocente,
Isento está do vicio
Que tão suavemente
O bom conduz ao mal;
O vil, o ambicioso
Arrisca-se no jogo
E todo ambicioso
Arma-se do punhal.
Fonte: "O livro de meus amores", B. L. Garnier, 1848.
Originalmente publicado em: "O livro de meus amores", B. L. Garnier, 1848.