A uma alma doente
Poema de Zalina Rolim
"Foi assim," murmurou amargamente,
"Que o meu primeiro sonho vi desfeito..."
E uma tristeza vaga e comovente
Veio ensombrar-lhe o pensativo aspecto.
"Amei-o; e o seu olhar indiferente,
Frio, insensível, de nevoeiros feito,
Verteu-me do desânimo inclemente
Todo o amargor dorido no meu peito."
“Sofri, chorei... Depois novos amores,
Suaves gorjeios, alvoradas, flores
Vieram luzir-me na aridez da vida.
Mas quando olhares volto ao meu passado,
Sempre em minha alma o traço amargurado
Vejo se abrir - dessa ilusão perdida."
Fonte: "O Coração", Tipografia Hennies & Winiger, 1893.
Originalmente publicado em: "O Coração", Tipografia Hennies & Winiger, 1893.