Maria
Poema de Machado de Assis
Maria, há no seu gesto airoso e nobre,
Nos olhos meigos e no andar tão brando,
Um não sei que suave que descobre,
Que lembra um grande pássaro marchando...
Quero às vezes pedir-lhe que desdobre
As asas, mas não peço, reparando
Que, desdobradas, podem ir voando
Leva-lá ao teto azul que a terra cobre.
E penso então, e digo então comigo:
"Ao céu, que vê passar todas as gentes,
Bastem outros primores de valia.
Pássaro ou moça, fique o olhar amigo,
O nobre gesto e as graças excelentes
Da nossa cara e lépida Maria."
Fonte: "Poesias Completas", Livraria Garnier Irmãos, 1902.
Originalmente publicado em: "Ocidentais", Livraria Garnier Irmãos, 1901.