A pérola
Poema de Carmen Freire
Oh! tu que habitas entre os ínvios mares,
Pérola rara de nitente alvura,
Cópia divina de imortal candura,
Deusa oculta em marítimos altares;
Desprende-te dos nítidos colares,
Transforma-te em humana criatura,
E então, mulher, prodígio d'escultura,
Com o teu amor afasta-me os pesares.
Sê tu o alento, o poderoso veio
Que, penetrando a curva do meu seio,
Torne-me a vida ardente e venturosa.
E, mostrando-me as fôrmas peregrinas,
Visão da noite em sonhos cor de rosa,
Dá-me n'um beijo sensações divinas.
Fonte: "Visões e Sombras", Casa Mont'alverne, 1897.
Originalmente publicado em: "Visões e Sombras", Casa Mont'alverne, 1897.