A lágrima
Poema de Carmen Freire
Nascida na ternura ou na tristeza,
Límpida gota dos orvalhos d’alma,
Tu, lágrima saudosa, muda e calma,
Que força enorme tens nessa fraqueza?
Possuis mais que o poder da realeza
Quando és filha da dor que o pranto acalma
E, qual gota de orvalho em verde palma,
À pálpebra chorosa ficas presa!
Estrela da saudade, flor de neve
Que o vento da tristeza faz brotar,
Amo o teu brilho nessa luz tão breve
De breve globo teu… imenso mar
Cujos fundos arcanos não se atreve
Nem se atreveu ninguém jamais sondar!
Fonte: "Poetas cariocas em 400 anos", Editora Vecchi: 1965.
Originalmente publicado em: "Gazeta de Notícias", Rio de Janeiro, RJ, 1888.