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Poema de Hilda Hilst
Ouvia
Que não podia te odiar
E nem te temer
Porque eras eu.
E como seria
Odiar a mim mesma
E a mim mesma temer
Se eu caminhava, vivia
Colada a quem sou
E ao mesmo tempo ser
Dessa de mim inimiga?
Que não podia te amar
Tão mais do que pretendia.
Pois como seria ser
Pessoa além do que me cabia?
Que pretensões de um sentir
Tão excedente, tão novo
São questões para o divino
E ao mesmo tempo um estorvo
Pra quem nasceu pequenino.
Tu e eu. Humanos. Limite mínimo
Fonte: "Da Poesia", Editora Companhia das Letras, 2017.
Originalmente publicado em: "Cantares de Perda e Predileção", Massao Ohno Editor, 1983.