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Poema de Cláudio Manuel da Costa
Não se passa, meu bem, na noite e dia
Uma hora só que a mísera lembrança
Te não tenha presente na mudança
Que fez, para meu mal, minha alegria.
Mil imagens debuxa a fantasia,
Com que mais me atormenta e mais me cansa:
Pois se tão longe estou de uma esperança,
Que alívio pode dar-me esta porfia!
Tirano foi comigo o fado ingrato;
Que crendo em te roubar, pouca vitória,
Me deixou para sempre o teu retrato:
Eu me alegrara da passada glória,
Se quando me faltou teu doce trato,
Me faltara também dele a memória.
Fonte: "Obras poéticas", H. Garnier, 1903.
Originalmente publicado em: "Obras", 1768.