70. Ficções
Poema de crroma
Temporais comuns as pessoas não temem,
urdidas no costume de enchentes.
Mas as chuvas cumulam grandiosidades,
motivam torrentes de insólita fatalidade,
quando o desconhecido se adere ao cotidiano
por catástrofes.
Prever temporais já não basta.
É preciso dizer algo de aparentes ficções,
acontecimentos nunca antes experimentados.
Ir além de alertas sobre imponderáveis perigos,
expungir as pessoas do desprevenido.
Educá-las para a perda,
para o abandono de posses sob espessos anúncios.
Sendo isso ainda pouco,
é preciso conceber de novo revoluções,
reinaugurando o organismo social para com urgências
prover digna cada vida humana.
(Da MeteoRed: 'Como é que se comunica às populações o perigo extremo de algo que nunca ninguém viveu antes?')