Meus desejos
Poema de Adélia Fonseca
Eu quisera dizer-te, meu anjo,
Quanto és por minh'alma adorada;
Eu quisera mostrar-te que trago
Tua imagem no peito gravada.
Eu quisera que a sábia natura
Seus primores p'ra ti reservasse;
Eu quisera que o Deus de bondade
De mil ditas teus dias c'roasse.
Eu quisera, de todo o universo,
Sobre o trono melhor te assentar;
Eu, enfim, desejara ser homem
E poético amor te ofertar.
Só em ti, enlevado, veria
O meu voto mais caro cumprido;
Quando um'alma, que a minha entendesse,
Ao Eterno eu houvesse pedido.
Tu então realizarias, meu anjo,
Meu querido ideal amoroso;
Tu me deras do céu as delícias;
Eu seria o mortal mais ditoso.
Fonte: "Ecos da Minh'alma", Tipografia Camillo de Lellis Masson, 1866.
Originalmente publicado em: "Ecos da Minh'alma", Tipografia Camillo de Lellis Masson, 1866.