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Poema de Jorge de Lima
Éramos seis em torno de uma esfera
armilar. Um candeeiro antigo diante
de seus olhos. E súbito se gera
o vácuo na memória bruxuleante.
Procuro relembrar-me: seu nome era ...
não sei se Abigail ou se Violante.
Sei que nos seres houve longa espera:
que ela não fosse estrela tão distante.
Passa-se o século; ignoro outros aspectos
do minuto que passa e do milênio.
Indo a urna feira vi num palco um gênio
com uma esfera armilar cheia de insetos
cede-la a cinco crianças em disfarce.
e houve urna delas que se pôs a alar-se.
Fonte: "Obra Poética", Editora Getulio Costa, 1949.
Originalmente publicado em: "Livros de Sonetos", Livros de Portugal S. A, 1949.