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Poema de Cláudio Manuel da Costa



A cada instante, Amor, a cada instante
No duvidoso mar de meu cuidado
Sinto de novo um mal e, desmaiado,
Entrego aos ventos a esperança errante.

Por entre a sombra fúnebre e distante
Rompe o vulto do alivio mal formado;
Ora mais claramente debuxado,
Ora mais frágil, ora mais constante.

Corre o desejo ao vê-lo descoberto;
Logo aos olhos mais longe se afigura
O que se imaginava muito perto.

Faz-se parcial da dita a desventura;
Porque nem permanece o dano certo,
Nem a glória tão pouco está segura



Fonte: "Obras poéticas", H. Garnier, 1903.
Originalmente publicado em: "Obras", 1768.