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Poema de Cláudio Manuel da Costa



Deixa que por um pouco aquele monte
Escute a glória que a meu peito assiste:
Porque nem sempre lastimoso e triste
Hei de chorar à margem desta fonte.

Agora que nem sombra há no horizonte,
Nem o álamo ao zéfiro resiste,
Aquela hora ditosa, em que me viste
Na posse de meu bem, deixa que conte.

Mas que modo, que acento, que harmonia
Bastante pode ser, gentil pastora,
Para explicar afetos de alegria!

Que hei de dizer, se esta alma que te adora,
Só costumada às vozes da agonia,
A frase do prazer ainda ignora!



Fonte: "Obras poéticas", H. Garnier, 1903.
Originalmente publicado em: "Obras", 1768.