Canção de um dia de vento
Poema de Mario Quintana
O vento vinha ventando
Pelas cortinas de tule.
As mãos da menina morta
Estão varadas de luz.
No colo, juntos, refulgem
Coração, âncora e cruz.
Nunca a água foi tão pura...
Quem a teria abençoado?
Nunca o pão de cada dia
Teve um gosto mais sagrado.
E o vento vinha ventando
Pelas cortinas de tule...
Menos um lugar na mesa,
Mais um nome na oração,
Da que consigo levara
Cruz, âncora e coração
(E o vento vinha ventando...)
Daquela de cujas penas
Só os anjos saberão!
Fonte: "Poesia Completa", Editora Nova Aguilar, 2006.
Originalmente publicado em: "Canções", 1946.
Originalmente publicado em: "Canções", 1946.