As mulatas do Brasil bailam o paturi
Poema de Gregório de Matos
Ao som de uma guitarrilha
que tocava um colomim,
vi bailar na Água Brusca
as Mulatas do Brasil.
Que bem bailam as Mulatas,
que bem bailam o Paturi!
Não usam de castanhetas
porque com os dedos gentis
fazem tal estropeada
que de ouvi-las me estrugi.
Que bem bailam as Mulatas,
que bem bailam o Paturi.
Atadas pelas virilhas
com uma cinta carmesim,
de ver tão grandes barrigas
lhe tremiam os quadris.
Que bem bailam as Mulatas,
que bem bailam o Paturi.
Assim as saias levantam
para os pés lhes descobrir,
porque sirvam de ponteiros
à discípula aprendiz.
Que bem bailam as Mulatas,
que bem bailam o Paturi.
Fonte: "Obra Poética", Editora Record, 1992.
Originalmente publicado em códices da segunda metade do século XVII.