Eternidade

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Poema de Jorge de Lima



Ele reviu-se:
não era mais
nem corpo
nem sombra
nem escombros.

Como foi isso?
Tudo irreal:
um barco
sem mar
a boiar.

Ele sentiu-se:
recomeçava.
Vivera
morrendo
numa estrela.

Ele despiu-se
de que?
De tudo
que amara.
Surdo-mudo
cegara.
Agora vê. 



Fonte: "Obra Poética", Editora Getulio Costa, 1949.
Originalmente publicado em: "Obra Poética", Editora Getulio Costa, 1949.