Arnold


Poema de crroma



Arnold Schwarzenegger
tem menos expressões faciais
do que um cavalo.

O pai foi soldado
do eixo que perdeu
a segunda grande guerra entre eugenistas.
A família apanhava
na viração alcoólica do vento
como era praxe
em desoladas vilas austríacas.

Uma ida ao cinema
transformou Arnold Schwarzenegger
em fisiculturista com desejos
de Estados Unidos.
Fotografias de homens semi nus
pelas paredes do quarto,
de seu corpo ele fez
massa de moldar
em abnormes peitorais,
em coxas, ombros, abdômen.
Uma disciplina de vômito
submetia a estresse
pela repetida carga de pesos
músculos de volumes arbitrários.

Arnold Schwarzenegger fisiculturista
deserdou a Europa
para frequentar a praia de Santa Mônica
em seu inglês rudimentar
de imigrante (ilegal?).
Treinava assiduamente,
assediava mulheres, tomava
anabolizantes:
ganhou centenas de competições
e contraiu matrimônio
com a sobrinha de um presidente assassinado.
Ficou milionário comprando imóveis
na realização do sonho capitalista
que, ambição,
jamais basta.

Arnold Schwarzenegger milionário
aventurou-se em filmes
de quinta categoria
e permaneceria nesse ridículo
não fosse um personagem barbárico
de deformada moldura.
Estouraram as bilheterias,
Arnold Schwarzenegger convertido
em estrela de longa metragens,
herói armamento
de brutalizada musculatura
enquanto mantinha um caso
extraconjugal com a governanta.

Símbolo do sonho que promete
recompensar com bonança
a quem duro trabalha
no império da desigualdade crescente.
Símbolo também
do colonial consumismo
de uma visão que nos anestesia
piores, esvaziados
da sensibilidade de que
suas metralhadoras bombas autoritarismo
na vida real exterminam
a possibilidade de milhões de vidas.

Cospe a fumaça de seu charuto
o rico Arn  old

old
old
old

orgulhosa elite de um mundo
que zelosa organiza
para o futuro próximo
as mais absurdas ruínas:

schwar...   schwar....   zen...

schwar zen...

schwar...   schwar...    zenegger...

schwar...

...assim quebrarão as ondas
de praias inéditas
depois de muito entulho
e muita dor.