A magnólia
Poema de Júlia Cortines
Aberta, sobre a jarra cinzelada,
Que as verdes folhas prende,
Se dobra enlanguescida, e a magoada
E mesta fronte pende.
Não tem a alvura nítida do lírio,
Nem as tintas da rosa,
Nem a suave palidez do círio
Sua polpa mimosa.
Mas há nas brancas pétalas sem vida
O congelado choro
Que, como fria lágrima retida,
Reflete o brilho do ouro...
E o seu aroma cândido se exala...
Se o aspiro e me debruço
Sobre ela, sinto rápido agitá-la
Um trêmulo soluço...
Fonte: "Versos; Vibrações", Academia Brasileira de Letras, 2010.
Originalmente publicado em: "Versos", Tipografia Leuzinger, 1894.