*
Poema de Júlia Cortines
Entrei. Era silenciosa e quente
A sala; o cravo rúbido se abria
Na jarra; e um anjo plácido sorria
Sob o cristal de um quadro transparente.
E, como a flor que se enervardo havia
Naquele triste e cálido ambiente,
Espalhava-se um quê de rubro e ardente,
E de suave a lânguida poesia.
Uma criança trêfega falava,
Quando senti que alguém se aproximava;
Sem mesmo erguer o olhar e sem sorrir,
Lhe dei a mão com tímido receio...
Mão que apertou de leve, e que me veio
Sobre o regaço, trêmula, cair.
Fonte: "Versos; Vibrações", Academia Brasileira de Letras, 2010.
Originalmente publicado em: "Versos", Tipografia Leuzinger, 1894.