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Poema de Hilda Hilst



Te vi
Atravessando as muradas
Montada no teu cavalo
Acróbata de guarda-sóis.
(Eu era noite e não via)
Te vi levíssima
Descendo numas aguadas
Lenta descendo como os anzóis.
(Eu era peixe e sabia)
Te vi serpente de som
E te tomei. Patas, farpas
Jato de sol, açoite
Borbulho nas águas frias.
Tu eras morte.



Fonte: "Da Poesia", Editora Companhia das Letras, 2017.
Originalmente publicado em: "Da morte. Odes mínimas," Massao Ohno e Roswitha Kempf
Editores, 1980.