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Poema de Júlia Cortines
Que importa à rocha inanimada e ríspida
A fúria do escarcéu,
Que lhe rasgou na aresta a vaga túmida
E a seus pés se abateu?
E à muda praia indiferente e estática
Que lhe importa que o mar
Sobre ela venha soluçoso e quérulo
E convulso estalar?
Como o escarcéu revolto e vaga trêmula,
Ruges, choras, e em vão
De encontro à inércia de uma pedra estúpida
Bates, meu coração.
Fonte: "Versos; Vibrações", Academia Brasileira de Letras, 2010.
Originalmente publicado em: "Versos", Tipografia Leuzinger, 1894.