Asas

Imagem de Júlia Cortines

Poema de Júlia Cortines



Asas brancas, que à luz das roxas madrugadas
Torvelinhais no azul em doidas revoadas,
Asas fulvas, num voo espalmado subindo
Ao cálido esplendor do firmamento infindo,
Asas negras, da noite agitada e bravia
Batidas pela chuva e pela ventania,
Debalde vos procura o meu olhar! Que rumo
Levastes, asas de oiro e de arminho e de fumo,
Que vos não vejo mais, a vibrar, como outrora,
Pelo céu de minha alma, abandonado agora?!...



Fonte: "Versos; Vibrações", Academia Brasileira de Letras, 2010.
Originalmente publicado em: "Versos", Tipografia Leuzinger, 1894.