Aurora
Poema de Francisca Júlia
Mensageira da luz, a brisa corre. A Aurora
do seu leito real de tiro se levanta.
Toda a campina acorda em festa. Cada planta
mostra o sorriso ideal da matutina Flora.
Um cheiro doce e fresco a verdura evapora.
A araponga, afinando a matinal garganta,
grita; um pássaro geme; a patativa canta...
todo o campo é uma orquestra harmônica e sonora.
Vara o diáfano véu da alvíssima neblina
uma seta de sol. E a floresta, a campina,
ainda cheias de luz de um pálido arrebol,
descortinam-se... e em pouco, a campina, a floresta,
cheias do riso bom da natureza em festa,
palpitam sob a luz fecundante do sol.
Fonte: "Poesia reunida de Francisca Júlia", escamandro, 2015.
Originalmente publicado em: "Mármores", Horacio Belfor Sabino Editor, 1895.