A Estátua

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Poema de Júlia Cortines



Maravilhosamente bela, a grega
Vênus: de pé, o corpo nu surgindo
Da túnica, que a mão sustenta, e achega
À anca, num gesto gracioso e lindo.

E, se a vista se eleva, então surpresa
Pára perante o rosto que ela inclina,
E admira dessa esplêndida beleza
A expressão diabólica e tigrina

E estranho sentimento nos tortura,
- Misto de dor, de cólera e piedade,
Ao ver-lhe na divina formosura
Impresso o cunho da ferocidade.



Fonte: "Versos; Vibrações", Academia Brasileira de Letras, 2010.
Originalmente publicado em: "Versos", Tipografia Leuzinger, 1894.