Fim
Poema de Cecília Meireles
Ó Tempos de incerta esperança
que assim vos desacreditastes!
Cresceram nuvens sobre a lua
e o vento passou pelas hastes.
Vinde ver meu jardim sem flores
no presente nem no futuro,
e a mão das águas procurando
um rumo pelo solo escuro!
Vinde ouvir a história da vida
no sopro da noite deserta.
Caíram as sombra das vozes
dentro da última estrela aberta.
Ai! tudo isto é letra do horóscopo...
E só tu, Estátua, resistes!
- Mas, embora nunca te quebres,
terás sempre os olhos mais tristes.
Fonte: "Viagem", Editora Ocidente, 1942.
Originalmente publicado em: "Viagem", 1939.