Economia dos mares terrestres
Poema de Carlos Drummond de Andrade
A queixa
comprimida na garrafa
quer escapar
reunir os povos
dizer a Matilde que lhe perdoa
organizar a vida dos índios,
a queixa
no vácuo
lembra uma queixa menor.
Dir-se-ia, na chama, uma sombra,
não arde, também se destrói.
A queixa mínima
já não pede ao vento que se cale,
aos estudantes que estudem, a Elza
que deposite flores sobre o retrato enterrado.
Limita-se
à contemplação metódica da mosca
fora da garrafa
(mas já são outros problemas).
Fonte: "A Rosa do Povo", Editora Recordo, 1984.
Originalmente publicado em: "A Rosa do Povo", 1945.
Fonte: "A Rosa do Povo", Editora Recordo, 1984.
Originalmente publicado em: "A Rosa do Povo", 1945.