Poemoitenta: Blitz vs. Engenheiros do Hawaii
Poema de crroma
A noite caminhava sozinha,
a noite que não fumava e ainda assim
atrás de um cigarro.
A rua com a madrugada no bolso
envelhecia dez anos
e ficava pensando em alguém
sem saudade.
A noite iluminada de lugares
e de quereres de coisas certas.
Mas era difícil encontrar a felicidade
- que felicidade?
a felicidade
- que felicidade?
finalmente
a felicidade.
As ruas abertas convidavam
para um chope
e uma porção de batatas fritas.
Tudo muito bom
e realmente tudo muito bem
na noite que não amava.
Deixavam-se as portas nuas
e atravessando-as as gentes preferiam um conhaque
e agora as gentes pareciam dançar
cheias de procura.
A noite não sabia
não sabia não
sabia,
a noite não fumava,
não amava e queria um cigarro.
E a rua com a madrugada no bolso
era linda no fim,
enlouquecida.
Então, como se o mês fosse o último
Então, como se o mês fosse o último
tudo ficou debaixo de águas
nervosas: uma orquestra
nervosas: uma orquestra
sinfônica, uma tempestiva bomba
atômica. Fecharam-se beijos
em portas dramáticas.
A rua com a madrugada no bolso dizia
o frio. A noite deixava
de amar e nada
nada nada nada nada nada
porque a noite não sabia,
não,
não sabia não.
(Elaborado a partir da letra das músicas 'Você não soube me amar', da Blitz, e 'Eu que não amo você', dos Engenheiros do Hawaii)