Plantas
Poema de Jorge de Lima
Não apeiba simbaronea,
o teu nome conterrânea, é Embira Branca,
Pau de Jangada, simplesmente,
com que o homem das pratas
vence as ondas
e ferra o tubarão,
o mero,
a arrala.
Copaúba, dendê, coco pindoba,
pau-d'arco cor de ouro,
camará cor de luar,
sapucaia cor de rosa,
canafístula cor de feridas;
já não há
mais pau brasil
mas há plantas que dão
pão,
sal,
azeite,
água,
pano,
remédios,
carrapetas,
taramelas,
e há a cana que dá tudo,
porque dá ao homem triste dessas terras
a alegria cor de brasa da embriagues
e o esquecimento cor de cinza que vem dela.
Fonte: "Obra Poética", Editora Getulio Costa, 1949.
Originalmente publicado em: "Poemas", 1927.