Vila de Leopoldina
Poema de Jorge de Lima
A minha alma de nômade, mestiça,
vem por três raças, apagada e acesa,
ouvindo trovas, escutando missa
e descantes de quadra portuguesa.
Por minha fé, meu Rei, é de justiça
que eu dê três vivas à Imperial Princesa,
e em meio ao gáudio, que a minh'alma atiça,
tenha-a mais cheia da ancestral tristeza.
Que é minha a sorte incógnita das frotas
que despejaram nessa terra o lodo
da escravidão do negro e dos ilotas...
D'aí promana minha nostalgia,
com três nevroses que me abalam todo,
qual três descargas de mosquetaria.
Fonte: "Obra Poética", Editora Getulio Costa, 1949.
Originalmente publicado em: "Livro de Sonetos", 1949.