Velho tema - a saudade
Poema de Jorge de Lima
Quem não a canta? Quem? Quem não a canta e sente?
- Chama que já passou mas que assim mesmo é chama...
A Saudade, eu a sinto infinda, confidente
Que de longe me acena e me fascina e chama...
Mágoa de todo o mundo e que tem toda gente:
uns sorrisos de mãe... uns sorrisos de dama...
...Um segredo de amor que se desfaz e mente...
Quem não os teve? Quem? Quem não os teve e os ama?
Olhos postos ao léu, altívagos, a toa,
Quantas vezes tu mesmo, a cismar, de repente
Te ficaste gozando urna saudade boa?
Se vês que em teu passado urna saudade adeja,
- Faze que urna saudade a ti seja o presente!
- Faze que tua morte urna saudade seja!
Fonte: "Obra Poética", Editora Getulio Costa, 1949.
Originalmente publicado em: "XIV Alexandrinos", 1914.