Outro retrato de Andaluza

Imagem de João Cabral de Melo Neto

Poema de João Cabral de Melo Neto



Clareza para vários sentidos,
e de luz, mas sem transparência:
não clareza de um copo de água,
mas interna, carnal, espessa.

Clareza não só para a vista:
clareza ao dente do pão fresco,
do riso claro à vista e ao ouvido,
ao tacto, de coxa ou de seio.

Clareza do ar que sempre acende,
do ar de sal vivo que conversa,
do ar fêmea que toda envolve,
ar tanguillo das saias dela.



Fonte: "A educação pela pedra e depois", Editora Nova Fronteira, 1997.
Originalmente publicado em: "Museu de tudo", 1975.



Tecnologia do Blogger.