Retrato
Poema de Manoel de Barros
Quando menino encompridava rios.
Andava devagar e escuro - meio formado em silêncio.
Queria ser a voz em que uma pedra fale.
Paisagens vadiavam no seu olho.
Seus cantos eram cheios de nascentes.
Pregava-se nas coisas quanto aroma.
Originalmente publicado em: "Concerto a Céu Aberto para Solos de Ave", 1989.