Uma pergunta
Poema de Adélia Prado
Vede como nossos filhos nos olham,
como nos lançam em rosto
uma conta que ignorávamos.
Não cariciosos, convertem em pura dor
a paixão que os gerou.
Por qual ilusão poderosa
nos veem assim tão maus,
a nós que, tal como eles,
buscamos a mesma mãe,
concha blindada a salvo de predadores.
Originalmente publicado em: "Miserere", Editora Record, 2013.