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Muitos
muitos dias há num dia só
porque as coisas mesmas
os compõem
com sua carne (ou ferro
que nome tenha essa
matéria-tempo
suja ou
não)
os compõem
nos silêncios aparentes ou grossos
como colchas de flanela
ou água vertiginosamente imóvel
como
na quinta dos Medeiros, no poço
da quinta
coberto pela sombra quase pânica
das árvores
de galhos que subiam mudos
como enigmas
tudo parado
feito uma noite verde ou vegetal
e de água
Fonte: "Coleção Melhores Poemas", Editora Leya, 2012.
Originalmente publicado em: "Poema Sujo", 1975.
Fonte: "Coleção Melhores Poemas", Editora Leya, 2012.
Originalmente publicado em: "Poema Sujo", 1975.