Poema 06 de 12/21

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Poema de crroma



Anônimo ele sossegava, em corpos
da Natureza vagava.
Em redes o prenderam, em caixotes
o trancafiaram, e o moveram para a cidade.
Um pulo e caiu 
em um mercado chinês.
Ficou estupefacto com a balbúrdia, os fios
elétricos, com a burguesia. Quis ser
cosmopolita,
saiu pelo mundo em passeio:
o terraço alagadiço de arrozais,
a sequidão de desertos, os afrescos
da Basílica de Santa Maria Maggiore,
as ruas de Guayaquil, os pés
dos Montes Urais, as savanas,
as águas do rio Hudson, 
esteve enfim em todo canto,
visitou a maioria
dos continentes. 

Experimentar
diferentes lugares, culturas -
transforma.

Em Kent os campos de lúpulo
o enfatuaram, envaidecido
por Alpha soberba.
Desceu antigas minas de ouro
de Soweto e, Beta, aprendeu Zulu.
Brandiu motosserra em Manaus, cuspiu
nas águas de lama e mercúrio,
Gamma pelos leitos de hospitais.
Com inabalável auto-estima
soçobrou Uttar Pradesh e, bailando,
nos fumos incensados se expandiu,
Delta por todo o vale do Ganges
e além, circunvoando
outra vez o planeta.
Após milhões de rodopios, 
atravessando a ponte para Braamfontein,
de madrugada aconselhou-se sobre o futuro
com jovens bêbados e alegres
que Ômicron propuseram.
Aceitou, não de todo satisfeito,
porque esteve em todo parte e,
Ouroboros, imaginava que, para sempre,
em toda parte
estaria.