Cemitério Paraibano
Poema de João Cabral de Melo Neto
Uma casa é o cemitério
dos mortos deste lugar.
A casa só, sem puxada,
e casa de um só andar.
E da casa só o recinto
entre a taipa lateral.
Nunca se usou o jardim;
muito menos, o quintal.
E casa pequena: própria
menos a hotel que a pensão:
pois os inquilinos cabem
no cemitério saguão,
os poucos que, por aqui,
recusaram o privilégio
de cemitérios cidades
em cidades cemitérios.
Originalmente publicado em: "Quaderna", 1960.