Água-cor
O País da Cor é líquido e revela-se
na anilina dos vasos de farmácia.
Basta olhar, e flutuo sobre o verde
não o verde-mata, o verde-além-do-verde.
E o azul é uma enseada na redoma.
Quisera nascer lá, estou nascendo.
Varo a laguna de ouro do amarelo.
A cor é o existente; o mais, falácia.
Fonte: "Antologia Poética", Editora Record, 2001.
Originalmente publicado em: "Boitempo e A falta que ama", Editora Sabiá, 1968.