A arquitetura da cana-de-acúcar
Poema de João Cabral de Melo Neto
Os alpendres das casas-grandes,
de par em par abertos, anchos,
cordiais como a hora do almoço,
apesar disso não são francos.
O aberto alpendre acolhedor
no casarão sem acolhimento
tira a expressão amiga, amável
do que é de fora e não de dentro:
dos lençóis de cana, tendidos,
postos ao sol até onde a vista,
e que lhe dão o sorriso aberto
que disfarça o que dentro é urtiga.
Originalmente publicado em: "Museu de tudo", 1975.