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Poema de Manoel de Barros
Que a palavra parede não seja símbolo de obstáculos à liberdade nem de desejos reprimidos nem de proibições na infância etc. (essas coisas que acham os reveladores de arcanos mentais)
Não.
Parede que me seduz é de tijolo, adobe, preposto ao abdômen de uma casa.
Eu tenho um gosto rasteiro de ir por reentrâncias baixar em rachaduras de paredes por frinchas, por gretas - com lascívia de hera.
Sobre o tijolo ser um lábio cego
Tal um verme que iluminasse.
Originalmente publicado em: "O Guardador de Águas", 1989.