glorioso destino do café
Poema de Oswald de Andrade
Pequena árvore
Cheia de xícaras
Te dei
Adubo
Trato
Colono
Céu azul
E tu deste
A safra
Dos meus anos fazendeiros
Depois deste
O desastre
E de borco no chão
Me recusei
A achar desgraçados os meus dias
Senti que como tu
Pequena árvore
Milhões de homens de minha terra
Haviam sido queimados
Decepados dos seus troncos
Para que se salvasse
Sobre a miséria de muitos
O interesse dos imperialismos
E se apaziguasse a gula
De seus sequazes tempestuosos
E deste
Em xícaras
O travo da tua cor madura
Senti no teu calor
Aquecido nos fogareiros pobres
O rubi da revolução
E como muitos me armei
Cavaleiro de ferro
Nos lençóis rasgados
Dos cortiços
E nas praças tumultuosas
E como tu pequena árvore debordada
Debordado do latifúndio
Saí ao encalço da felicidade da terra
Fonte: "Oswald de Andrade - Poesia Reunida", Editora Civilização Brasileira, 1974.
Originalmente publicado em: "Poesias reunidas", Edições Gaveta, 1945.