versos baianos
Poema de Oswald de Andrade
Tua orla Bahia
No benefício destas águas profundas
E o mato encrespado do Brasil
Uma jangada leva os teus homens morenos
De chapéu de palha
Pelos campos de batalha
Da Renascença
Este mesmo mar azul
Feito para as descidas
Dos hidroplanos de meu século
Freqüentado rendez-vous
De Holandeses de Condes e de Padres
Que Amaralina atualiza
Poste das saudades transatlânticas
Riscando o ocre fotográfico
Entre Itapoã e o farol tropical
A bandeira nacional agita-se sobre o Brasil
A cidade alteia cúpulas
Torres coqueiros
Árvores transbordando em mangas rosas
Até os navios ancorados
Forte de São Marcelo
Panela de pedra da história oolonial
Cozinhando palmas
E as tuas ruas entreposto do Mundo
E os teus sertanejos asfaltados
E o teu ano de igrejas diferentes
Com um grande dia santo
Catedral da Bahia
Genuflexório dos primeiros potentados
Confessionário dos inquisidores
Catedral
Es o fim do roteiro de Robério Dias
Romance de Alencar
Encadernado em ouro
Por dentro
Mais grandiosa que São Pedro
Catedral do Novo Mundo
Passa uma iole
Com remadores brancos
No ocaso indigesto
De Itaparica
Fonte: "Oswald de Andrade - Poesia Reunida", Editora Civilização Brasileira, 1974.
Originalmente publicado em: "Pau-Brasil", Sains Peril, 1925.